TRABALHO REMOTO E TECNOLOGIA 

As fronteiras do home office: estudo avalia impacto da tecnologia na evolução do trabalho remoto 

Por Thaís Aiello, 23.08.18

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Luis Banhara, da Citrix: estudo traz perspectivas sobre trabalho remoto e tecnologia

As novas tecnologias estão modificando a forma de trabalhar e alcançar resultados. Empresas e profissionais sentem nas ações cotidianas o quanto essa transformação vai delineando as relações e abrindo outras perspectivas de interação. Para identificar com mais precisão essa dinâmica, a empresa de software Citrix ouviu gestores de TI de cinco países do continente – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México. Intitulada #ComoVamos na América Latina: nuvem, segurança e trabalho flexível, a pesquisa trouxe revelações intrigantes: embora as organizações avaliem positivamente a adoção de novas tecnologias, reconhecendo que propiciam um aumento nos níveis de produtividade, há ainda barreiras para a adesão à formas mais fluidas de trabalho. “Os entraves estão longe de ser tecnológicos”, observa o diretor-geral da Citrix no Brasil, Luis Banhara.”As barreiras são culturais e passam também pela falta de confiança das lideranças nas pessoas”, observa o executivo.

Panorama Executivo – De que maneira a adoção do home office tem evoluído na sociedade contemporânea?

Luis Banhara – Com o avanço da tecnologia, hoje é possível contar com várias ferramentas que estão mudando a forma como trabalhamos e até vivemos. Estamos totalmente conectados em diversos dispositivos. Há ainda o movimento que valoriza a qualidade de vida, a busca pela realização profissional e o cuidado com o meio ambiente. O home office é um modelo capaz de agregar tudo isso com maior produtividade e velocidade.

Panorama Executivo – Quais os fatores que impulsionam esse modelo de trabalho e, por outro lado, que aspectos reforçam a resistência por parte dos profissionais e das empresas?

Luis Banhara – As barreiras tecnologias já foram resolvidas, mas ainda existe a barreira cultural, principalmente por parte das lideranças nas empresas. Nosso estudo constatou que 78% dos entrevistados acreditam que a falta de confiança nos funcionários impossibilita a adoção de modos flexíveis de trabalho, como o home office. No Brasil, especificamente, essa porcentagem alcança 80%.

Panorama Executivo – É possível estabelecer uma relação direta entre flexibilidade no trabalho e produtividade? Há evidências nesse sentido?

Luis Banhara – Com o home office, a tendência é haver mais organização nas atividades e, consequentemente, mais produtividade. Entretanto, para que isso ocorra, as empresas precisam fornecer tecnologia adequada aos funcionários, de modo a permitir o acesso a informações de forma ágil, de qualquer dispositivo e em qualquer lugar, sem interrupções e com segurança total para ambos os lados. No estudo, 88% dos entrevistados consideram que acessar a dados e aplicativos de qualquer lugar ou dispositivo torna o trabalho mais produtivo. Para os brasileiros entrevistados, a porcentagem é de 84%.

“Produtividade e carga horária não são sinônimos”

Panorama Executivo – Que outros aspectos a pesquisa permitiu vislumbrar e quais os resultados tangíveis identificados?

Luis Banhara – Por meio da pesquisa foi possível perceber os principais benefícios propiciados pelo flex office e o movimento em curso para a adoção de modelos de trabalhos flexíveis. Apenas 30% das empresas brasileiras não oferecem nenhum tipo de trabalho flexível. Metade das companhias consultadas redesenharam seu espaço físico para se adaptar às novas políticas. Com relação aos benefícios relatados, no Brasil 27% reportaram maior produtividade e melhor gerenciamento de tempo, enquanto outros 26% referiram-se à redução de custos.

Panorama Executivo – Como as diferentes gerações têm reagido à dinâmica da atuação remota? O trabalho virtual enfrenta tabus?

Luis Banhara – O maior tabu é o pensamento de que os funcionários não vão produzir fora do escritório, mas já tivemos oportunidade de comprovar, de diversas formas, que se trata de um mito. Quanto ao aspecto geracional, o estrato que melhor se adaptou à forma dinâmica de atuação remota é formado pelos millennials (79%). Na sequência estão os integrantes da Geração X (18%) e, por último, os Baby Boomers (3%).

Panorama Executivo – De que maneira as lideranças podem fazer do trabalho remoto um aliado na busca de resultados expressivos em um ambiente de negócios cada vez mais desafiador, complexo e competitivo?

Luis Banhara – Com a velocidade que se exige hoje e diante da competitividade que as empresas enfrentam, quem entrega o melhor resultado, de forma ágil, sai na frente. O flex office vem para agregar, viabilizando que as pessoas possam realizar atividades de qualquer lugar e a partir de qualquer dispositivo. Em trânsito entre reuniões, durante viagens a trabalho, enfim, são inúmeras as possibilidades. Há também a valorização do profissional e questões como respeito e confiança, intangíveis que se materializam quando a empresa oferece um modelo de trabalho adaptável e que não traz a exigência do comparecimento físico ao escritório todos os dias. Essas são organizações que valorizam a entrega, e não a presença ou o tempo que o funcionário passa em frente ao computador. Até porque produtividade e carga horária não são sinônimos.

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