Quem é Quem

RITA PELLEGRINO*

“Nunca tive receio do novo. Foi com esse impulso que aos 17 anos saí de Dracena, no extremo oeste paulista, para fazer faculdade de psicologia em Londrina, no Paraná. Graduada, logo realizei o sonho de atuar como psicóloga clínica e em pouco tempo vi que, na prática, não era o que eu queria. Nessa altura, tomei a resolução de interromper esse caminho e partir para um intercâmbio nos Estados Unidos. Meu pai, mais conservador, de início resistiu à ideia, sendo convencido por minha mãe, cujo apoio viabilizou o grande turn around da minha vida.

Eu sabia que a fluência em inglês seria fundamental para abrir portas, em especial nas empresas situadas em São Paulo, área do meu interesse. E foi assim que, após cerca de 6 meses morando em Nova York e, depois, em Chicago, retornei ao Brasil e tive minha primeira experiência no ambiente corporativo, em uma multinacional sueca de tecnologia.

Já estava cursando pós-graduação em RH quando decidi fazer uma movimentação de carreira, vislumbrando migrar para uma organização com processos de RH mais robustos. A tática de mudança incluiu a deliberação consciente de dar um passo atrás para avançar muitos outros adiante. Ingressei no Unibanco em 2004 e tracei a meta de chegar à gerência de RH no prazo de cinco anos. Quando isso aconteceu, dentro do tempo estabelecido, estava com 30 anos, responsável por uma estrutura de cerca de 20 mil pessoas no país. Permaneci no banco por uma década, vivenciei a integração com o Itaú e aprendi muito com ótimos mentores e líderes. Posso dizer que foi uma grande escola, que fomentou minha autoconfiança e meu direcionamento à alta performance.

Vivia um sentimento de plena satisfação profissional quando, uma vez mais, procurei ouvir minha voz interior. Eu queria ser mãe, mas havia recebido uma negativa da vida nesse sentido, o que me levou a uma batalha de três anos para conseguir engravidar. Quando finalmente isso aconteceu, fiz a opção de viver a maternidade intensamente. Desligar-me do banco naquele momento foi a terceira grande escolha da minha carreira, uma questão complexa, pois eu vinha em curva de ascensão, sendo preparada para assumir uma superintendência. Foi uma decisão bem pensada, planejada e compartilhada com meu marido, em uma parceria que nos permitiu desfrutar juntos este projeto maior de vida.

Nessa espécie de sabático, dediquei cerca de dois anos à maternidade, às reflexões sobre prioridades e aos estudos, pois busquei aproveitar o tempo para obter formação em coaching executivo. Diante do desenvolvimento e da independência progressiva de minha filha, me senti pronta para retornar à vida executiva, em uma função de diretoria na Totvs. Acredito que o fato de ter vivenciado a maternidade profundamente foi decisivo para dar a certeza também quanto à hora certa de voltar ao mundo corporativo.”

Rita Pellegrino - Totvs RH

*Entrevista concedida enquanto diretora de RH da Totvs. Acompanhe a trajetória no LinkedIn

Por Thaís Aiello, com imagens de Gladstone Campos

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