“Nasci na Vila da Penha, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro. Venho de uma família de origem bastante humilde, para a qual o trabalho e o esforço sempre tiveram grande valor. Meu pai trabalhava como serralheiro, e minha mãe, imigrante portuguesa que chegou ao Brasil aos seis anos de idade, era dona de casa. Ao lado de uma irmã mais nova, frequentei escolas públicas durante a adolescência, ciente de que o estudo era a chave para que, tanto ela quanto eu, pudéssemos transformar as nossas histórias.
Às vésperas do vestibular, sem dispor de recursos para um reforço externo, cuidei de me aplicar sozinha, em casa, e consegui ser aprovada para o curso de psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, primeira grande conquista na construção da carreira. Nunca passamos fome, mas o dinheiro sempre foi contadinho. As dificuldades eram tamanhas que o preço da passagem de ônibus pesava no orçamento, assim como o custo de livros, artigos e apostilas. Eu recorria à biblioteca, pegava material emprestado e, para poder me manter, conciliava o trabalho em um banco com a faculdade, que era em período integral.
Quando chegou a época dos estágios, uma experiência inicial na área clínica sinalizou que aquele não seria o meu caminho. Enveredei, então, para o mundo corporativo e, de estagiária, passei à efetiva na Souza Cruz, na função de analista de RH. Cinco anos depois, fui contratada pela Gillette, hoje do grupo Procter & Gamble. Nessa empresa, a participação em um programa de desenvolvimento de jovens talentos foi um divisor de águas. Morei em Boston, nos Estados Unidos, por um ano e meio. A empreitada não foi fácil, especialmente em função da distância da família, porém representou uma enorme alavanca evolutiva, desde o ponto de vista do idioma até a aquisição de cultura e repertório.
Como previsto, retornei na posição de gerente de RH, recebendo a missão de transferir a matriz da empresa do Rio de Janeiro para São Paulo. Mais uma vez a carga de aprendizagem foi expressiva. Finalizado o processo, surgiu o convite de nova temporada nos Estados Unidos, tendo em vista o futuro ingresso em uma carreira de expatriada. “