DARCIO CRESPI*
“Sou de uma família italiana, originária da região norte daquele país. Meus avós maternos e paternos vieram para o Brasil no início do século passado, em busca de uma prosperidade que não encontravam em sua terra natal. Fui criado à sombra de ser neto de imigrantes, o que teve grande influência na minha vida. Com sofrimento e muito trabalho, meus avós conseguiram criar os filhos e viram os netos frequentar a universidade. A trajetória deles traduz em forte exemplo de superação. Fico imaginando como seria se eu tivesse que enfrentar uma imigração como eles o fizeram.
Os valores familiares me moldaram. Sempre dei muita importância ao trabalho e às pessoas que conseguem se superar a partir do próprio esforço. Cursei Politécnica, a escola que meu pai adoraria ter feito. Para ele, foi inviável, uma vez que precisou trabalhar durante o dia para custear os estudos à noite. Atuei como engenheiro civil nos primeiros anos e fiz especialização na Fundação Getúlio Vargas. Decidido a cumprir um mestrado fora do Brasil, rumei para a Universidade de Stanford, na Califórnia. No retorno, já não voltei para a engenharia.
Tive passagem por duas empresas nacionais e familiares, sem me identificar com a cultura de nenhuma delas. Depois, me juntei a uma multinacional americana e estava muito feliz. Entretanto, a empresa foi vendida e acabou saindo do Brasil em virtude da crise dos anos 80. Ainda que a conjuntura estivesse difícil, a Bolsa de Valores mostrava recuperação, e assim acabei por me tornar corretor certificado.