Quem é Quem

ANDREA MARQUEZ*

“Eu sou mineira, nascida em Uberlândia. Minha mãe é de uma família tradicional da região, enquanto meu pai tem linhagem ibérica, descendente de imigrantes espanhóis e portugueses. Uma grande inspiração na vida foi minha avó materna, certamente uma das mulheres mais ativas do Brasil entre os anos 40 e 80. Formada em Direito, foi contemporânea da Cidinha Vargas na Universidade Federal do Rio de Janeiro e se tornou a  proprietária do cartório da cidade.

Batalhadora, decidida, com valores éticos firmes e muita determinação para conduzir os negócios, a minha avó possuía, no entanto, um coração enorme e era muito humana. Morava em frente ao cartório, e era na casa dela que as relações iam sendo construídas no dia a dia, com o lanche da tarde para os funcionários e quem mais chegasse.

Sem dúvida, minha avó abriu meus horizontes, assim como outra experiência decisiva na adolescência – a oportunidade de, aos 14 anos, ir morar na França com uma tia, primeiro em Grenoble e, depois, em Paris. De volta, um ano mais tarde, percebi que Uberlândia havia ficado pequena para o tamanho dos meus sonhos. Minha vontade era abraçar o mundo. Terminaria o ensino médio, ingressaria na faculdade e, na primeira chance, alçaria outros voos. Aos 18 anos, para ter meu próprio dinheiro, fui atuar como modelo, e esse trabalho e os desfiles foram a maneira de ter autonomia durante o período da faculdade.

Com o diploma de psicologia na mão, resolvi tentar a sorte em São Paulo. Quando tive uma nova chance de alçar voo, aterrissei em São Paulo. Fiz psicodrama e desenvolvi projetos de humanização em hospitais, o que acabou me conduzindo a uma experiência na Secretaria do Menor do Governo do Estado de São Paulo, com foco no atendimento a meninos de rua. Nessa época, meu desejo de contribuir no campo social e lutar pelas pessoas estava à flor da pele. Acabei me envolvendo em iniciativas governamentais em diferentes esferas, em ações voltadas a crianças, jovens e mulheres vítimas de violência doméstica.

Andrea Marquez Bunge

A atuação em ONGs, organizando treinamentos, lidando com gestão de pessoas, trouxe grande aprendizado. Nesse meio tempo, casei, tive meus dois filhos e, então, veio a oportunidade de, por intermédio de uma consultoria, atuar com treinamento e desenvolvimento no âmbito empresarial. Essa virada me trouxe aonde estou hoje. Fiz a estreia no mundo corporativo já na função de diretora de RH. Foram nove anos na VisaNet, atual Cielo, e outros três na BNP Paribas até ingressar na Bunge, em 2011.

Trago comigo a força de ter feito muitos mutirões com megafone em punho, encorajando as pessoas a fazer mais e melhor. Essa é uma habilidade que me ajuda muito quando tenho de conectar realidades e unir as pessoas para que possam fazer transformações. Na Bunge, tenho em uma ponta o trabalhador rural e, na outra, a inovação para o desenvolvimento do mercado. Sinto-me satisfeita em poder contribuir para a mobilização das pessoas e a humanização das empresas, criando um ambiente inclusivo, que valoriza a busca por resultados, mas sem perder de vista a valorização das pessoas.”

*Entrevista concedida enquanto vice-presidente de Gente e Gestão da Bunge. Acompanhe a trajetória no LinkedIn

Por Thaís Aiello, com imagens de Gladstone Campos

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