“Eu sou mineira, nascida em Uberlândia. Minha mãe é de uma família tradicional da região, enquanto meu pai tem linhagem ibérica, descendente de imigrantes espanhóis e portugueses. Uma grande inspiração na vida foi minha avó materna, certamente uma das mulheres mais ativas do Brasil entre os anos 40 e 80. Formada em Direito, foi contemporânea da Cidinha Vargas na Universidade Federal do Rio de Janeiro e se tornou a proprietária do cartório da cidade.
Batalhadora, decidida, com valores éticos firmes e muita determinação para conduzir os negócios, a minha avó possuía, no entanto, um coração enorme e era muito humana. Morava em frente ao cartório, e era na casa dela que as relações iam sendo construídas no dia a dia, com o lanche da tarde para os funcionários e quem mais chegasse.
Sem dúvida, minha avó abriu meus horizontes, assim como outra experiência decisiva na adolescência – a oportunidade de, aos 14 anos, ir morar na França com uma tia, primeiro em Grenoble e, depois, em Paris. De volta, um ano mais tarde, percebi que Uberlândia havia ficado pequena para o tamanho dos meus sonhos. Minha vontade era abraçar o mundo. Terminaria o ensino médio, ingressaria na faculdade e, na primeira chance, alçaria outros voos. Aos 18 anos, para ter meu próprio dinheiro, fui atuar como modelo, e esse trabalho e os desfiles foram a maneira de ter autonomia durante o período da faculdade.
Com o diploma de psicologia na mão, resolvi tentar a sorte em São Paulo. Quando tive uma nova chance de alçar voo, aterrissei em São Paulo. Fiz psicodrama e desenvolvi projetos de humanização em hospitais, o que acabou me conduzindo a uma experiência na Secretaria do Menor do Governo do Estado de São Paulo, com foco no atendimento a meninos de rua. Nessa época, meu desejo de contribuir no campo social e lutar pelas pessoas estava à flor da pele. Acabei me envolvendo em iniciativas governamentais em diferentes esferas, em ações voltadas a crianças, jovens e mulheres vítimas de violência doméstica.