
Magui Castro: na gestão da carreira, ser generoso rende bons frutos
GESTÃO DA CARREIRA REQUER ATITUDE E CUIDADO COM AS RELAÇÕES
Ser generoso e pensar no coletivo, aspectos a considerar na gestão da carreira
Por Thaís Aiello, 21/11/17
Com quase 27 milhões de pessoas subutilizadas, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada pelo IBGE em 16 de novembro de 2017, o Brasil segue imerso em uma crise que ainda promete muitos desdobramentos. Os gargalos econômicos e os constrangimentos políticos desenham um macroambiente complexo, impondo desafios importantes para o cotidiano das empresas e dos profissionais. Magui Castro, sócia da Caldwell Partners, fala ao Panorama Executivo sobre gestão da carreira em tempos de crise.
Panorama Executivo – O receio de se transformar na bola da vez, engrossando as estatísticas do desemprego, ainda ronda os profissionais neste Brasil que permanece em cenário de crise. Como fazer a gestão da carreira nesse horizonte complexo?
Magui Castro – Trançando um paralelo com o futebol, eu diria que o atleta corporativo precisa hoje saber jogar nas 11 posições, indo além do que está definido em seu job description. Ele deve adotar o que chamo de estratégia centopeia ou polvo, procurando compreender o negócio como um todo. Não que precise colocar a mão na massa e se embrenhar em todas as frentes. Tem, no entanto, de ser alguém capaz de enxergar para além de sua área, conseguindo contribuir para o endereçamento da situação em prol da eficiência e dos resultados empresariais. Dessa forma, torna-se uma pessoa indispensável ou, ao menos, se habilita a ser aquele que tende a ser preservado nos momentos mais dramáticos de redução de headcount.
Panorama Executivo – As estruturas estão bem mais enxutas, exigindo muito das pessoas. Nesse contexto, como exercer essa estratégia centopeia e ser mais colaborativo?
Magui Castro – Pois eu diria que, nos momentos de crise, é quando se faz necessário intensificar a generosidade, buscando ser ainda mais útil no cotidiano corporativo. Ao se dar conta de um problema fora de sua área e se importar, direcionando a questão, o profissional pensa no coletivo. Ser generoso com a empresa, com os colegas e os pares é um investimento de grande retorno. Claro, estou me referindo a uma generosidade autêntica, exercida com veracidade. Essa sim acaba sendo reconhecida pelas pessoas, por ser genuína, e o retorno dessa atitude pode se dar posteriormente, de forma surpreendente.
“Generosidade tem payback”
Panorama Executivo – Que fruto pode ser colhido a partir da generosidade?
Magui Castro – Nos processos seletivos, por exemplo, nos quais as referências contam muito. São valiosíssimas as informações fornecidas por antigos chefes, subordinados e também pelos pares, sejam eles colegas que atuavam lado a lado ou interfaces de outras áreas ou divisões. Essas pessoas podem aportar contribuições muito importantes, e, se a experiência de trabalho foi positiva, se a atitude no cotidiano corporativo se deu sobre bases colaborativas, os pares são os primeiros a dar um testemunho favorável sobre a proatividade e as contribuições do profissional em questão. Esse é o retorno, o tal payback, ao qual me refiro.
Panorama Executivo – E qual é a sua percepção: as pessoas estão mais unidas e colaborativas em função da crise?
Magui Castro – Isso varia muito de pessoa a pessoa e também de empresa para empresa. No ambiente corporativo, quem dá o tem é o presidente. Se ele é estressado e coloca pressão nos funcionários e nas relações, esse padrão tende a se replicar em toda a estrutura. Já se o primeiro mandatário é alguém que busca o diálogo, dá exemplo de entrosamento com seus diretos, envolve as pessoas na busca de soluções e estimula a participação, surge espaço para a atuação coletiva, a ajuda mútua e o espírito colaborativo. O líder máximo imprime o ritmo. Diante das crises, que fatalmente surgem, sua atitude pode ajudar o negócio a fluir ou, de outra sorte, fazer com que simplesmente venha a descarrilar.
“A lisura do profissional ganha evidência “